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NUTRIÇÃO SISTÊMICA NO ATENDIMENTO A PESSOAS COM DESAFIOS COM O CORPO E COM A COMIDA

Por Simone Brasil Lintariami

Nutricionista. Mestre em Ciências da Saúde.

Consteladora Familiar.

Psicodramatista

Psicodramatista. Nutrição Sistêmica.


O termo sistema é usado para expressar relacionamentos existentes que fazem parte de um todo organizado. Assim, um sistema é um conjunto de elementos interligados. A Terapia Sistêmica está focada na análise das relações interpessoais que envolvem as pessoas. Em outras palavras, essa terapia trata de estudar os indivíduos dentro de um sistema de relacionamentos. O foco da Terapia Sistêmica está baseado na compreensão dos padrões de comunicação que ocorrem no âmbito familiar, nos locais de trabalho, nos relacionamentos entre casais ou relacionamentos entre pais e filhos.


Estudos na área da nutrição demonstram que há uma intrínseca ligação entre relações familiares, a forma como lidamos com a comida e o nosso corpo. Todos esses elementos, aparentemente independentes, constituem um sistema, ao serem analisados.


A forma como lidamos com o corpo e com a comida, pode muitas vezes estar conectada com histórias familiares do nosso passado. Por amor, assumimos papéis que não são nossos e, acabamos repetindo um padrão alimentar que nos foi passado de geração a geração ou, simplesmente, assumimos um sentimento que vem de outro membro da família. Este sentimento pode levar-nos a assumir um padrão alimentar que não é nosso. Quando isso acontece, instaurou-se um problema no sistema.


Quando, em sessões de atendimento, encontramos a raiz do problema e colocamos em ordem o que precisa ser colocado, devolvendo para a pessoa responsável, no caso o membro familiar doador da questão, aquilo que a ela pertence, promove-se um alívio não só no sistema familiar, como internamente na pessoa receptora da doação, e a ordem volta àquele sistema. A partir dessa ação fica mais fácil lidar com os desafios relacionados ao corpo e à comida da pessoa que está no processo.


Dentro da Terapia Sistêmica temos as Ordens do Amor, regidas por três Leis do Universo, que são a base das Constelações Familiares. São elas:

1) Pertencimento – todos os membros da família têm direito a pertencer ao sistema. Se alguém é excluído outro membro toma seu lugar, e repete seu destino.

2) Hierarquia – os que chegaram antes estão acima dos que chegaram depois, ou seja, os pais estão acima dos filhos na hierarquia.

3) Equilíbrio – no dar e receber um pouco do que nossos pais nos deram, o equilíbrio precisa ser mantido. O doador deve receber do credor o equivalente àquilo que doou. Se assim tiver acontecido, tudo estará em ordem.



Quando seguimos as leis do amor e colocamos em ordem nosso sistema, podemos entender melhor o nosso processo de vida e, muitas vezes, entendermos a origem do nosso transtorno alimentar. E aí sim, podemos começar a entrar em paz com nosso corpo e com a nossa forma de lidar com a comida e a alimentação.


Os Transtornos Alimentares estão diretamente conectados com as relações. De acordo com Bert Hellinger “o essencial é simples”. Quando entramos em um processo de Transtornos Alimentares estamos fazendo aquilo por amor a algum membro da família.


Comer em excesso, rejeitar comida ou determinados tipos de alimentos, ter alergias alimentares são sintomas que dizem algo sobre como nos sentimos em relação à vida. O ato de comer significa "fico na vida”. Fazer jejum significa “vou, desejo morrer”.


Algumas pessoas comem mais do que precisam. Neste caso, a sensação e o sentimento que predominam é o de medo de ter que ir embora. A relação com a mãe é a base da vida. Somente quando podemos nos dar a esta relação incondicionalmente é que temos condições de nos entregarmos plenamente à vida. E aí vivemos.


Para Bert Hellinger o excesso de comida, em alguns casos, pode ser um substituto da mãe, que foi rejeitada, ou de um irmão falecido precocemente. Em outros casos, a obesidade mostra um desejo inconsciente de sentir-se mais forte e maior para superar sentimentos infantis de abandono, solidão ou de medo diante de um perigo iminente. Seja porque o corpo entende, com sua programação genética antiga, que se você não armazenar energia, sob a forma de gordura, estará em perigo.


A obesidade também pode ser consequência de emoções retidas: culpa, medo, raiva, tristeza. Com frequência vê-se a ocorrência de fato desencadeante ou um trauma na vida da pessoa que ativa a obesidade (um acidente grave, o falecimento de um filho ou cônjuge, por exemplo, ou um abuso infantil).

Em outros casos, a obesidade reflete uma lealdade a uma tragédia familiar presente no inconsciente da pessoa, tragédia essa ocorrida em uma geração anterior, como: suicídios, famílias que tiveram que se separar para poder sobreviver, pessoas que morreram de fome ou passaram por situações graves de escassez de comida, como nas guerras.


No caso de pessoas com anorexia nervosa existe uma dinâmica inconsciente de morrer no lugar de alguém que ela sente que deseja morrer ou partir. A pessoa com anorexia diz a quem quer morrer: "eu em seu lugar". Normalmente essa pessoa é o pai. Com a bulimia observa-se outra dinâmica. A mãe pode, por exemplo, dizer a um filho (normalmente de forma inconsciente, não expressa): “O que vem de seu pai não tem nenhum valor; você deve tomar só de mim”. Esse tipo de bulimia se curará quando o filho conseguir, internamente, “receber” a comida dos pais, sobretudo, “do pai”. Quando a obesidade é resultado de uma compulsão, existe uma lealdade profunda a uma grande tragédia e uma necessidade de vingança. A compulsão é uma proteção contra este desejo de se vingar.


Com todos esses fatores e causas envolvidas, manter o peso idealizado parece ser uma tarefa fadada ao insucesso. E de fato é bastante difícil. A boa notícia é que, através da fenomenologia, método utilizado nas Constelações Familiares e na Terapia Sistêmica, é possível diagnosticar a ou as causas possíveis da obesidade, compulsão alimentar e de outros transtornos alimentares e realizar movimentos terapêuticos que levam à superação dessas dificuldades. Só ficamos em paz com nosso corpo e com a comida, quando estamos em paz com nossos pais, quando incluímos todos os que fazem parte do nosso sistema em nosso coração. Aqui é o inicio da liberdade do Corpo e da Vida.


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Bibliografia Sugerida:


Cordás TA, Castilho S. Imagem corporal nos transtornos alimentares – instrumento de avaliação: “Body Shape Questionnaire”. Psiquiatria Biológica. 1994;2(1):17-21.


Hellinger B. Ordens da Ajuda. 1ª edição. Patos de Minas; Atman; 2005.


Hellinger B. A Simetria Oculta do Amor. 2ª edição. São Paulo; Cultrix; 2007.


Hellinger B. As Ordens do Amor. 2ª edição. Patos de Minas; Atman; 2007.


Hellinger B. O essencial é Simples. 3ª edição. São Paulo; Cultrix; 2014.


Lintariami S. Nutrição Sistêmica. 1ª edição. Belo Horizonte; 2020.

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