Por Aline Queiroz Fernandes
Nutricionista. Pós-graduada em Comportamento e Transtornos Alimentares.
Entusiasta do desing e marketing digital.
E-mail: alineqf.nutri@gmail.com
Instagram: @nutrilineqefer
Comparando o hoje (pandemia, isolamento, imersão digital) com o ontem de dois anos atrás percebemos que tudo se tornou mais intenso, principalmente a comunicação, que está mais digital do que nunca. Tudo o que envolve o mundo digital cresceu de uma maneira exponencial e o que não fazia parte dele precisou se adaptar para acompanhar a nova economia.
Há uma urgência no ar para fazer parte do digital, e essa está sendo feita de formas que ultrapassam a imaginação: mostrar a própria vida, compartilhar ideologias, trabalhar como influenciador digital, venda de infoprodutos e produtos físicos em “lojinhas”, captação de clientes, divulgar informações relevantes ou fake news, elaboração de eventos, livros, revistas, jornais, aulas, cursos, lives com propósitos ou sem propósitos nenhum, etc.
Nós profissionais de saúde podemos viver do marketing boca a boca, porém este está tornando-se obsoleto. As redes sociais criadas com o intuito de postar fotos e trocar mensagens foram transformadas de acordo com a demanda de seus usuários, na medida em que a forma de se comportar nessas plataformas foi se modificando. Chegando no que conhecemos hoje, como canais de comunicação, venda e influência.
De acordo com uma pesquisa realizada em 2017 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), comparada com os resultados da mesma em 2010, o público consumidor de informações sobre saúde e alimentação passou a procurá-las mais na internet ao invés da TV, o que foi evidenciado também no ranking de assuntos mais pesquisados do Google na mesma época, com o termo “alimentação” em 3º lugar. Concluindo que o conteúdo sobre alimentação e nutrição disponível na internet é considerado de confiança por muitos brasileiros.
Porém a divulgação de informações na internet pode ser feita por qualquer um, inclusive as que dizem respeito à nutrição, independentemente de ter ou não conflitos de interesse ou embasamento técnico-científico. Por isso é importante que os nutricionistas ocupem as redes sociais de maneira efetiva e organizada, promovendo cada vez mais conteúdos que tragam benefícios à sociedade e que sejam propagados de forma ética.
O mundo da nutrição é gigantesco, porém falar de todos assuntos pode ser confuso para quem está à procura de um tema específico. Por isso, os assuntos escolhidos para serem propagados no digital precisam convergir em um tema/abordagem para se tornar mais atrativo à leitores/seguidores assíduos. No digital isso é chamado de nicho, e é de grande importância tê-lo definido para ser mais assertivo nas informações a serem divulgadas.
Sobre criatividade e ideias
“O escritor Jonathan Lethem disse que, quando as pessoas chamam algo de “original”, nove entre dez vezes elas não conhecem as referências ou as fontes originais envolvidas.”
Trecho do livro “Roube como um artista – 10 dicas sobre criatividade” de Austin Kleon.
Gerar ideias é um processo investigativo que envolve pesquisa, descoberta, experimentação. E colocá-las em prática envolve exploração, seleção, refinamento, execução. As definições anteriores foram retiradas de um artigo alocado em uma revista de administração de empresas. Tem a ver com tema proposto no título de nossa conversa? De certa forma sim e de certa forma não, afinal o contexto deste artigo estava direcionado ao mundo empresarial, porém fora de contexto ainda assim há sentido ao que vamos ver logo mais.
Ideias são ideias em qualquer lugar. Há a necessidade de se inspirar (pesquisar, descobrir, experimentar) para de fato desenvolver (explorar, selecionar, refinar e executar). Podemos buscar inspirações para nossas ideias fora do contexto em que trabalhamos, desde que elas possam ser convertidas e tenham sentido para o que foi proposto. O que é diferente quando estamos trabalhando com informações científicas, pois essas precisam ser de fato de fonte confiável e sem conflitos de interesse.
Podemos acessar a criatividade para produzir e executar ideias de diversas formas, propositalmente ou não. Basicamente tudo pode servir de material “inspiracional”. Criar no mundo digital inicialmente pode ser um grande desafio, mas após se habituar ao software, aplicativo ou site tudo fica mais fluido.
O erro durante o processo de criação pode ser o que impulsionará a assertividade no próximo trabalho, por isso erre bastante. Haverá momentos estressantes por não conseguir desenvolver a ideia gerada, por isso dê um tempo, relaxe, busque inspirações, ou deixe que elas venham à sua cabeça despropositadamente no ócio, enquanto lava a louça, ao assistir a um filme, ao fazer caminhada, ou enquanto está em uma reunião de família ou amigos (obs.: depois de ambos ficarem isolados pelo menos 15 dias antes de se verem ou num mundo pós-pandemia)… e volte quando estiver de cabeça fria e com intenção de desenvolver algo, você conseguirá e já está longe de como era quando começou! Não se pressione.
Não se nasce criativo, ela precisa ser desenvolvida, trabalhada na prática, com frequência confortável. Precisamos de motivação e habilidade para desempenhar a criatividade e desenvolver nossa identidade de criação no digital. Vale lembrar que nada é permanente por lá, a arte imita a vida, sendo assim a identidade se altera de acordo com mudanças pessoais em forma de pensar, agir e de se posicionar.
O que é o CANVA? (não se trata de publicidade)
O Canva é uma plataforma on-line que permite a criação de designs de forma descomplicada e intuitiva. Além da versão na web, há também em formato de aplicativo para computadores e smartphones. Ele foi desenvolvido em 2012 e de lá pra cá foi aperfeiçoado para facilitar ainda mais a vida de seus usuários. E para aqueles que não estão com a criatividade à flor da pele, o site/app oferece uma cartela recheada de designs prontos, os quais podem ser feitas adaptações, servirem de inspirações ou serem modificados quase que completamente.
À primeira vista, assim como tudo no universo do aprendiz, pode parecer complicado de navegar e desenvolver designs na plataforma. Visto isso, a plataforma criou formas de quebrar esse gelo com os usuários, facilitou a etapa mais difícil da criação, que é a concepção da ideia do que será feito e de como será executado, com designs prontos e editáveis; e alimenta um blog dentro da plataforma com dicas do “como” e “o quê” é possível fazer no site/app.
Ele oferece seus serviços de forma gratuita e paga. Há sim limitações na versão gratuita, porém ainda é possível criar belos designs. E aí vai uma dica: para quem nunca teve contato com a plataforma, utilize-a na versão gratuita antes de se aventurar na versão premium, pois dessa forma você irá se habituar melhor, conhecerá todas as ferramentas, o que é possível desenvolver por lá e poderá aproveitar ao máximo os recursos quando assinar a versão premium.
Tá, agora que o Canva foi apresentado a você, a pergunta que não quer calar: como um nutricionista pode aproveitar essa plataforma? O nutricionista pode desenvolver materiais digitais e impressos que vão desde a estruturação como profissional no digital e no físico (logo/identidade visual, cartão de visita digital, posts e artes para perfis de redes sociais), documentos de atendimento (ficha de dados, prontuário, evolução), instrumentos (diário alimentar, lista de compras), materiais de apresentação/educação nutricional (slide, portfólios, panfletos, folders), etc.
É possível desbravar a plataforma criando a partir dos designs disponíveis ou iniciar um totalmente do zero e no formato que procura. E há a possibilidade de aprender a usar as ferramentas e a desenvolver trabalhos assistindo vídeos gratuitos disponíveis no YouTube ou lendo artigos de blogs diversos. E claro, é possível comprar cursos que ensinam um pouco de tudo de forma mais específica e prática. Abaixo seguem algumas indicações:
Artigo de blog:
Blog CANVA https://www.canva.com/pt_br/aprenda/
Desperte o interesse pelos seus serviços de nutrição com um lindo logotipo, confeccionado gratuitamente no Canva https://www.canva.com/pt_br/criar/logo/nutricionista/;
Aprenda a usar o Canva e crie layouts e imagens incríveis! [tutorial completo] https://blog.hotmart.com/pt-br/canva-tutorial/;
Vídeos gratuitos:
Como usar o Canva do zero | como produzir posts no Canva https://www.youtube.com/watch?v=K3vjcl3-XQM;
Primeiros passos com o Canva | Crie seu primeiro post #01 https://www.youtube.com/watch?v=Pn3duApydVQ;
Como criar post para Instagram com Canva https://www.youtube.com/watch?v=0tCdMCsZWMo;
Cursos:
Canva do básico ao avançado https://bityli.com/RKk0a;
Canva: design gráfico fácil e prático https://bityli.com/stURF;
Aprenda criar conteúdos IMPOSSÍVEIS de serem ignorados, utilizando o CANVA https://bityli.com/dNFjQ
BÔNUS: o que diz o Código de Ética e Conduta do Nutricionista quanto ao uso do meio digital como estratégia para comunicação e informação e divulgação das atividades profissionais?
No capítulo IV do Código de Ética e Conduta do Nutricionista - ”Meios de Comunicação e Informação” que regula sobre o uso de estratégias para comunicação e informação ao público e para divulgação das atividades profissionais do nutricionista, utilizando quaisquer meios, tais como televisão, rádio, jornais, revistas, panfletos virtuais ou impressos, embalagens, mídias e redes sociais, aplicativos, palestras, eventos, dentre outros para os mesmos fins, obedecerá ao que segue:
Art. 53 É direito do nutricionista utilizar os meios de comunicação e informação, pautado nos princípios fundamentais, nos valores essenciais e nos artigos previstos no código de ética, assumindo integral responsabilidade pelas informações emitidas;
Art. 54 É direito do nutricionista divulgar sua qualificação profissional, técnicas, métodos, protocolos, diretrizes, benefícios de uma alimentação para indivíduos ou coletividades saudáveis ou em situações de agravos à saúde, bem como dados de pesquisa fruto do seu trabalho, desde que autorizado por escrito pelos pesquisados, respeitando o pudor, a privacidade e a intimidade própria e de terceiros;
Art. 55 É dever do nutricionista, ao compartilhar informações sobre alimentação e nutrição nos diversos meios de comunicação e informação, ter como objetivo principal a promoção da saúde e a educação alimentar e nutricional, de forma crítica e contextualizada e com respaldo técnico-científico. Ao divulgar orientações e procedimentos específicos para determinados indivíduos ou coletividades, o nutricionista deve informar que os resultados podem não ocorrer da mesma forma para todos;
Art. 56 É vedado ao nutricionista, na divulgação de informações ao público, utilizar estratégias que possam gerar concorrência desleal ou prejuízos à população, tais como promover suas atividades profissionais com mensagens enganosas ou sensacionalistas e alegar exclusividade ou garantia dos resultados de produtos, serviços ou métodos terapêuticos;
Art. 57 É vedado ao nutricionista utilizar o valor de seus honorários, promoções e sorteios de procedimentos ou serviços como forma de publicidade e propaganda para si ou para seu local de trabalho;
Art. 58 É vedado ao nutricionista, mesmo com autorização concedida por escrito, divulgar imagem corporal de si ou de terceiros, atribuindo resultados a produtos, equipamentos, técnicas, protocolos, pois podem não apresentar o mesmo resultado para todos e oferecer risco à saúde.
◦ § 1º. A divulgação em eventos científicos ou em publicações técnico-científicas é permitida, desde que autorizada previamente pelos indivíduos ou coletividades.
◦ § 2º. No caso de divulgação de pesquisa científica o disposto no artigo 58 não se aplica.
REFERÊNCIAS
BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE NUTRIÇÃO. Resolução CFN n° 599, de 25 de fevereiro de 2018. Código de ética e de conduta do nutricionista. Brasília, 2018.
DOS SANTOS, Fernanda Ferreira et al. Ciclo do Marketing Digital como estratégia para otimizar a comunicação de informações ligadas à alimentação e nutrição, na mídia social Facebook. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, v. 16, p. 48812, 2021.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. A mesa dos brasileiros: transformações, confirmações e contradições. São Paulo, 2017.
KLEON, Austin. Roube como um artista: 10 dicas sobre criatividade. Editora Rocco, 2013.
REVILLA, Elena. O dilema da criatividade. Revista de Administração de Empresas, v. 59, n. 2, p. 149-153, 2019.
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